NOVENA SANTA TERESA PARA CONSAGRAÇÃO


NOVENA SANTA TERESA PARA CONSAGRAÇÃO

NOVENA PARA SE CONSAGRAR A SANTA TERESA DE ÁVILA

 

Durante 9 dias rezar:

-A Pequena Coroa

-Meditação para cada dia da Novena

 

 

PEQUENA COROA EM HONRA A SANTA TERESA

1 – Amabilíssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos os grandes dons da fé e da devoção ao Santíssimo Sacramento, concedidos a vossa amada Teresa.

Por vossos méritos e os méritos dessa vossa fiel esposa, pedimos que nos concedais o dom de uma fé viva, juntamente com uma fervorosa devoção ao Santíssimo Sacramento do altar, onde, Majestade Infinita, vós vos obrigastes a ficar conosco até o fim dos séculos e onde inteiramente vos dais a nós com tanto amor

Pai Nosso, Ave Maria , Glória

Jesus, que de Teresa

Feriste o belo peito,

Com dardo de amor perfeito,

Feri também a mim

2- Piedosíssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos o grande dom da esperança, concedido a vossa amada Teresa.

Por vossos méritos e os dessa vossa fiel esposa, pedimos que nos concedais uma grande confiança em vossa bondade, por vosso sangue, derramado completamente por nossa salvação

3- Amorosíssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos o grande dom do amor, concedido a nossa amada Teresa.

Por vossos méritos e os dessa vossa amorosíssima esposa, pedimos que nos concedais o grande e principal dom de vosso perfeito amor

Pai Nosso, Ave Maria , Glória

Jesus, que de Teresa

Feriste o belo peito,

Com dardo de amor perfeito,

Feri também a mim

4- Dulcíssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos o grande dom, concedido a vossa amada Teresa, do grande desejo e da resolução que ela teve de vos amar de modo perfeito.

Por vossos méritos e os dessa vossa generosíssima esposa, pedimos que nos concedais verdadeiro desejo e verdadeira resolução de vos agradar o máximo que pudermos

Pai Nosso, Ave Maria , Glória

Jesus, que de Teresa

Feriste o belo peito,

Com dardo de amor perfeito,

Feri também a mim

5- Benigníssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos o grande dom da humildade, concedido a vossa amada Teresa.

Por vossos méritos e os dessa vossa humílima esposa, nós vos pedimos que nos concedais a graça de uma verdadeira humildade, alegrando-nos em sempre vivermos humilhados e amando os desprezos mais que quaisquer honras

Pai Nosso, Ave Maria , Glória

Jesus, que de Teresa

Feriste o belo peito,

Com dardo de amor perfeito,

Feri também a mim

6- Liberalíssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos o grande dom, concedido a vossa amada Teresa, da amorosa devoção a vossa dulcíssima mãe Maria e a seu santo esposo José.

Por vossos méritos e os dessa vossa gratíssima esposa, nós vos pedimos que nos concedais a graça de uma especial e terna devoção a vossa Santíssima Mãe Maria e a vosso pai adotivo e amado José

Pai Nosso, Ave Maria , Glória

Jesus, que de Teresa

Feriste o belo peito,

Com dardo de amor perfeito,

Feri também a mim

7- Amorosíssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos o grande dom da ferida do coração, concedido à amada dileta Teresa.

Por vossos méritos e os dessa vossa ardentíssima esposa, pedimos que nos concedais semelhante ferida de amor para que, de hoje em diante, não amemos, nem pensemos em amar a outro que não seja a Vós

Pai Nosso, Ave Maria , Glória

Jesus, que de Teresa

Feriste o belo peito,

Com dardo de amor perfeito,

Feri também a mim

8- Diletíssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos o grande dom, concedido à vossa amada Teresa, do grande desejo que ela teve por sua morte.

Por vossos méritos e os dessa vossa constantíssima esposa, pedimos que nos concedais a graça de desejar a morte para podermos ir possuir-vos eternamente na pátria bem aventurada

Pai Nosso, Ave Maria , Glória

Jesus, que de Teresa

Feriste o belo peito,

Com dardo de amor perfeito,

Feri também a mim

9- Caríssimo Senhor Nosso, Jesus Cristo, nós vos agradecemos o grande dom, concedido a vossa amada Teresa, de sua preciosa morte, fazendo-a docemente morrer pelas mãos do amor.

Por vossos méritos e os dessa vossa afetuosíssima esposa, pedimos que nos concedais uma boa morte; e ,se não pelas mãos do amor, ao menos ardendo de amor por vós, para que assim morrendo, possamos ir, então, amar-vos no Céu eternamente com amor mais perfeito

Pai Nosso, Ave Maria , Glória

Jesus, que de Teresa

Feriste o belo peito,

Com dardo de amor perfeito,

Feri também a mim

Rogai por nós Santa Teresa,

Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Oremos: Ouvi-nos, Deus nosso Salvador, para que, assim como nos alegramos com a festa de Santa Teresa, vossa virgem, da mesma forma sejamos nutridos pelo alimento de sua celeste doutrina e instruídos por sua afetuosa e piedosa devoção. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

MEDITAÇÃO PARA CADA DIA DA NOVENA

1ª DIA NOVENA

Sobre como Santa Teresa teve o dom da fé e da devoção ao Santíssimo Sacramento.

Nossa santa recebeu de Deus tal dom de fé que, ela mesma, escreveu estas palavras em sua Vida: "O demônio jamais teve força para me tentar, de qualquer maneira, contra a fé: pelo contrário, parecia-me que, quanto mais eram impossíveis as coisas que a fé ensina, naturalmente falando, tanto mais eu acreditava com maior firmeza de fé; e, quanto mais difíceis de crer, mas me inspiravam devoção". Certa vez lhe disseram que poderia ser levada ao Santo Ofício; então escreveu: "Comecei a rir, pois sabia muito bem que,

pelas coisas da fé ou pela menor rubrica da Santa Igreja, estaria pronta a dar mil vezes minha vida".

Quando ainda era uma menina de sete anos, esse amor pela santa fé a animou a deixar a casa paterna com um irmãozinho, a fim de viajar até a África e oferecer sua vida em honra da fé. Mais tarde, na idade adulta, tinha tal certeza da fé que se considerava suficientemente animada para convencer sozinha todos os luteranos e fazê-los reconhecer seus erros.

Em suma, Santa Teresa era tão contente de estar entre os filhos da Igreja que, na hora de sua morte, não cansava de repetir estas palavras:

«Depois de tudo, sou filha da Igreja; depois de tudo, sou filha da Igreja"

Desse grande dom da fé que a santa tinha, nascia, então, o grande amor que dedicava ao Santíssimo Sacramento, entre todos, o mais singularmente chamado de Mistério da Fé. Ela dizia que foi maior graça

para nós o Santíssimo Sacramento do que Deus se ter feito homem. Por isso uma das principais virtudes da vida da santa (como revelou depois de sua morte) foi seu especial amor ao Santíssimo Sacramento. Quando

ouvia uma irmã dizer que gostaria de ter vivido no tempo em que Jesus andava pelo mundo, a santa começava a rir: "Que mais precisamos procurar quando já o temos no Santíssimo Sacramento? Ora, se quando

andava pelo mundo curava os doentes apenas com o deixar-se tocar as vestes, o que não fará agora quando vem morar dentro de nós? Como é doce - escreve ela - ver o pastor transformado em cordeiro; é pastos, porque apascenta, mas é cordeiro, porque é o próprio pasto; é pastor, porque alimenta, mas é cordeiro, par que é o próprio alimento. Então, quando pedimos ‘o pão nosso de cada dia’, estamos pedindo que o pastor seja nosso alimento e sustento".

Por isso, a santa chorava continuamente as injúrias que ouvia os hereges fazerem contra esse Sacramento de amor e exclamava a Deus: "Então, meu Criador, como pode sofrer assim um coração tão amoroso como o vosso, ao ver que o que vosso Filho fez com tão ardente amor e para mais agradar a vós, que lhe mandastes nos amar, seja assim tão pouco estimado, como hoje em dia fazem os heréticos com o Santíssimo Sacramento, tomando suas igrejas? Não bastou, meu Pai, ele não ter onde reclinar a cabeça durante sua vida, para agora lhe serem tirados também os lugares santos onde se digna permanecer para encontrar seus amigos que precisam desse alimento para o sustento?" Por vinte e

três anos, ela comungou todos os dias e sempre com tal fervor e desejo, a ponto de afirmar que, se fosse preciso, ficaria contente em atravessar pelo meio das lanças de

um exército inimigo, a fim de poder comungar.

Bem correspondeu o Divino Amado ao amor com que essa sua dileta esposa o desejava e se dispunha a recebê-lo sacramentado. Quando ele vinha a ela na comunhão, tal como fogem as trevas com o despontar

do sol, assim fugiam da santa quaisquer escuridão e aflição. Parecia-lhe, então, sua alma perder todos os afetos e desejos para ficar apenas unida e absorta em Deus. Embora, em outros momentos, apresentasse aparência pálida devido as penitências e enfermidades, seu biógrafo diz que, ao comungar, o rosto parecia brilhante como o cristal, rosado e belíssimo e com tão grande majestade que deixava claro que hóspede

trazia consigo. Então acontecia de seu corpo virginal parecer querer abandonar a terra e se elevar no ar à vista de todas as irmãs.

Certa vez, quando estava para comungar, Jesus lhe falou a partir das mãos de um sacerdote indigno que estava em pecado, dizendo com ternura: “Contempla minha grande bondade em me colocar nas mãos de

um meu inimigo por teu bem e o bem de todos". Em  outra ocasião, um Domingo de Ramos, meditando como nenhum daqueles muitos que tinham aclamado Jesus como Messias em Jerusalém depois lhe houvesse

dado abrigo em sua casa, a santa convidou Jesus a vir abrigar-se em seu pobre coração e foi comungar com esse devoto pensamento. O convite amoroso de sua amada agradou tanto ao celeste esposo que, quando ela recebeu a hóstia consagrada, pareceu-lhe sentir a

boca cheia de sangue quente e doce como o paraíso. Então, ouviu Jesus: "Filha, quero que meu sangue te seja proveitoso: eu o derramei com muita dor e vejo que tu o aproveitas com grande amor".

Fruto

Que o fruto dessa consideração seja sempre agradecer, com a santa, ao Senhor ter dado também a nós o grande dom da fé, ter-nos feito filhos da Igreja, da qual estão fora milhões de almas, quem sabe, menos

culpadas que nós diante da justiça de Deus. Entre os maiores dons que Jesus nos deixou no sacramento do altar, deixando-se todo inteiro como alimento, companheiro e pastor, pratiquemos aquele belo ensinamento que a santa madre revelou do céu a uma alma:

“Nós, que estamos no céu, e vós que estais na terra, devemos ser uma só coisa na pureza e no amor; nós nos alegrando; e vós padecendo. E o que nós fazemos no céu diante da essência divina, na terra, deveis fazer vós diante do Santíssimo Sacramento; deves dizê-lo a todas as minhas filhas".

Além disso, sobre o amor e a terna veneração ao nosso Santo Sacramento deixou escrito: "Busquemos não nos afastar de nosso pastor, nem perdê-lo de vista, pois as ovelhinhas que estão mais próximas de seu pastor sempre recebem mais carinho e mais presentes. Ele sempre lhes dá um pedacinho especial do que está comendo. Se acontece de o pastor dormir, a ovelhinha não se afasta até que ele se levante ou ela o acorde, e então, recebe o carinho de novos presentes".

São Filipe Néri, outro serafim de amor, quando viu Jesus entrar como viático em seu quarto, ardendo de afeto, não conseguia dizer mais nada que: "Eis meu amor, eis meu amor". Assim também nós, quando vemos vir ao nosso encontro na comunhão o rei e esposo de nossas almas, digamos então; "Eis o amor, eis o amor". E saibamos que assim quer ser chamado nosso Deus: Deus é amor (1Jo 4,16). Não deseja ser chamado apenas de amoroso, mas muito mais, de amor. Para nos dar a entender que, tal como não pode existir um

amor que não ame, da mesma forma ele é tal bondade, de tal natureza amorosa, que não pode viver sem amar suas criaturas.

 

 

Oração

Ó minha Seráfica Santa, com vossa pureza e ardente amor, fostes, já na terra, a delícia de vosso Deus, e a ele chegou a dizer que, assim como quando estava na terra sua amada tinha sido Madalena, da mesma forma, agora que estava no céu, sua amada éreis vós. E por isso com tanta ternura vos advertia como pai, ou vos falava como esposo, sobretudo, na santa comunhão, com tal quantidade de graças se dando a vós. Rogai a vosso Deus por mim, ó Teresa, pois, ai de mim, não sou objeto de suas delícias, mas causa de suas dores por minha má vida. Rogai a ele que me perdoe, dê-me um coração novo, semelhante ao vosso, puro e amoroso.

E vós, meu amoroso, meu Jesus, que, mesmo prevendo minhas ingratidões, não deixastes de me conceder tantas graças, especialmente ao me chamar a santa fé e, com tanto amor, dignastes, tantas vezes, dar-vos a mim no sacramento do altar, ó, dignai-vos, com vossa misericórdia, inflamar de tal modo meu coração que

minhas ações correspondam a minha fé.

Ah, divino, verdadeiro e único amor de minha alma, quando chegará o dia em que começarei a vos amar com todo o meu coração? Quem dera fosse hoje para mim esse dia feliz quando comecei, neste ano, a honrar vossa cara esposa e minha amorosa advogada, Teresa! Ah, meu Redentor, pelos méritos de vosso sangue e de vossa Santíssima Mãe Maria, e ainda, de vossa amada Teresa, dai-me, peço-vos, um amor tão ardente a vossa bondade que me faça chorar continuamente as decepções que vos dei e buscar continuamente, de hoje em diante, não outra, senão vossa vontade, para agradar somente a vós, como o mereceis. Amém. Assim seja.

2° Consideração

Sobre como Santa Teresa teve o dom da esperança

A medida das misericórdias divinas corresponde à confiança que a alma tem em Deus; por isso, quando o Senhor quer enriquecer uma alma com graças, primeiro a enriquece com a confiança. Tão grande foi o dom da confiança que a santa madre recebeu de Deus que, com essa confiança, conseguiu realizar tudo o que empreendeu para a glória de seu esposo; daí o motivo de ser chamada, comumente, de Teresa, a onipotente. Só de lem- brar as palavras do apóstolo, quando falou que o Senhor é fiel e não pode faltar à sua palavra, ganhava ânimo tão grande que se tornava forte para enfrentar todas as tempestades: "Ó, quem poderá erguer a voz - exclamava para dizer: - Senhor, como sois fiel com vossos amigos! Que me falte tudo, desde que não me abandoneis, pois provei quanto ganha quem confia só em vós".

Confiada nessa âncora segura, empreendeu a grande obra da reforma da Ordem Carmelita, tanto do ramo feminino, quanto do masculino, e tantas outras fundações, contra mil resistências dos homens e dos demônios: sem apoio, sem dinheiro, apenas com a confiança em Deus. Costumava dizer que, para fundar um mosteiro, lhe bastava uma casa alugada e uma sineta.

Quanto mais resistências encontrava, mais crescia sua animação, dizendo que era sinal de que a semente produziria mais fruto e, de fato, assim acontecia. Por isso, deixou-nos escrito: "E assim espero porque o verdadeiro remédio para não cair é se agarrar à cruz e confiar naquele que nela foi pregado: apenas nele encontro um amigo verdadeiro. E isso me domina a tal ponto que, parece, poderia resistir ao mundo inteiro se viesse contra mim, desde que Deus não me faltasse". Daí nascia também a grande dificuldade que sentia quando precisava tratar com pessoas que confiavam apenas em razões e recursos humanos.

Estando a santa madre em Toledo, um padre lhe disse não haver mais esperança para a questão da Reforma; mas ela consolava a todos com ânimo imperturbável e, confiada em Deus, dizia que, apesar das resistências, tudo sairia ainda melhor. Quando, em uma viagem, encontrava-se em alguma passagem perigosa, era a primeira a atravessar e, então, animava os outros. Confiada em seu Senhor, não temia nem mesmo todo o inferno, dizendo que dos demônios tinha o mesmo medo que das moscas. Jamais foi vista aflita ou alegre por qualquer resultado favorável ou desfavorável, sempre tinha o ânimo sereno, sempre igual a si mesma, com suma paz, sempre firmada na amorosa esperança de que Deus não pode faltar a quem o serve e nele confia.

Era nessa confiança que Santa Teresa apoiava todas as orações que apresentava a Deus. E, como não sabia buscar outra coisa senão o que resultasse em maior gosto de seu Senhor, as orações dessa sua esposa eram tão agradáveis a Deus que chegou a lhe prometer conceder tudo o que pedisse. E isso se deu quando a santa pedia uma graça, temendo não a alcançar por ser indigna. Jesus apareceu-lhe e mostrando a chaga de sua mão esquerda: "Disse-me - são as palavras da santa - que não devia duvidar de quem tinha padecido tanto por mim para me conceder, com muito gosto, o que lhe pedisse; e ele me prometia que, tudo o que pedisse, tudo me seria concedido. E me lembrasse de que, quando ainda não o servia, já então nunca tinha deixado de me conceder algo que pedisse, melhor, inclusive, do que teria podido pedir. Sendo assim, quanto mais não me haveria de ouvir agora, quando sabia que eu o amava? E que eu não duvidasse disso".

Por causa dessa promessa, escreveu que sempre tinha recebido de Deus mais do que teria podido pedir. Para consolação de seus devotos, deixou anotadas estas palavras: "Nesse trabalho de tirar as almas do pecado com minhas orações e levar outras à maior perfeição, comprovei muitas vezes: são tantas as graças que, se fosse contar, ficaria muito cansada e cansaria muito a quem lê". Uma noite, quando a santa agradecia ao Senhor uma graça recebida, ele lhe respondeu com amor: "O que me pedes que eu não te faça, minha filha?" Outro dia, ele disse: "Sabes o matrimônio que existe entre mim e ti. Por isso te dou todas as minhas dores que suportei e, portanto, podes pedir a meu Pai, como se os méritos fossem teus".

Então, para nosso ensinamento, a santa deixou escrito, na exclamação XIII: "Ó, como confiamos pouco em vós, Senhor! Quantas das maiores riquezas e tesouros vós nos confiastes, pois nos destes trinta e três anos de grandes trabalhos e, depois de vosso Filho padecer a morte, mesmo sabendo quão ingratos lhe deveríamos ser, não quisestes deixar de confiar o inestimável tesouro do mesmo vosso Filho no Santíssimo Sacramento, para que não houvesse nada vosso que não pudéssemos fazer nosso, negociando convosco com vosso Filho, ó Pai piedoso. Ó, almas bem-aventuradas que bem soubestes aproveitar esse dom e com tal preço comprar para vós herança tão deleitável e permanente, dizei-nos, como negociastes com um bem tão infinito? Socorrei-nos, já que estais tão próximas da fonte: alcançai-nos a água para nós que estamos aqui, pois morremos de sede".

Fruto

Alma devota, reflete sobre este ponto: quanto Deus ouve a oração feita com confiança! Portanto pede e confia, e alcançarás o que quiseres. Podem passar o céu e a terra, mas não a Palavra de Deus, que disse: "Pedi, e dar-se-vos-á&" (Mt 7,7). Quem pede alcança, mesmo que não mereça o que está pedindo, como diz Santo Tomás. Por outro lado, quem não pede não alcança. Eis, pois, onde está nossa vitória nas tentações: "Louvando-o, invocarei ao Senhor e serei salvo de meus inimigos" (SI 17,4). Recorramos a Deus e venceremos. Eis de onde depende todo o nosso bem: "Pedi, e dar-se-vos-á". Peçamos e nos será dado. "Para alcançar as graças divinas, dizia nossa santa, a oração é a única porta; se estiver trancada, não sei como Deus nos dará as graças. Entendamos que nosso Pai e Deus não só tem cuidado por nós, mas ainda é solícito pelo nosso bem, como ele mesmo nos faz saber por meio das Divinas Escrituras". Portanto peçamos a com confiança e em nome de Jesus Cristo, seu Filho, que nos prometeu: “Se vós pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, ele vos dará” (Jo 16,23). Mesmo sem ser invocado, Deus tem todo o cuidado por nós: "O Senhor está cuidadoso de mim" (Sl 39,18). E nos diz, pelo profeta, que é mais fácil uma mãe se esquecer de um filho, que ele conseguir se esquecer de uma alma. É só lhe apresentarmos nossas misérias e dizermos: "Se tu queres, Senhor, bem me podes limpar" (Mt 8,2). Ou, como as irmãs de Lázaro: "Senhor, eis, aí está enfermo aquele que tu amas" (Jo 11,3). Mas essa oração precisa ser feita continuamente: "Importa orar sempre e não cessar de o fazer" (Lc 18,1). De outra forma, no dia em que deixarmos de orar, neste dia, cairemos.

Oração

Então, minha santa advogada, já que me fazeis saber que vosso esposo prometeu conceder tudo o que vós pedirdes e que incontáveis almas foram ajudadas por vossas orações, fazei que eu seja uma dessas almas; recomendai-me a Jesus e transformai-me em

outra pessoa, como haveis transformado tantos com Vossa intercessão.

E vós, eterno Pai, que, para me perdoar e salvar, não perdoastes a morte a vosso amado Filho, por amor desse Filho, peço-vos perdoai-me e salvai-me. Meu criador e Pai, não sois apenas tão piedoso, mas ainda sois também fiel: portanto me haveis de conceder o que pedir por amor de Jesus, que prometeu que nos daria tudo quanto lhe pedíssemos em seu nome. Vós também sois justo. Por isso é necessário que, quando estivermos arrependidos das ofensas que fizemos a vossa bondade, vós nos perdoeis e salveis pelos méritos de Jesus Cristo, pois ele, com sua morte, já satisfez vossa justiça e alcançou-nos a salvação. De forma que, meu Deus e minha esperança, recorro a vós cheio de confiança e vos peço pelo amor de vosso Jesus. Fazei que não espere outra coisa que não vós, outra coisa não suspire que vosso santo amor. Ó meu amadíssimo amado, fazei-me sair totalmente de mim para repousar somente em vós. Senhor, em vossas mãos coloco minhas esperanças e toda a minha alma, para que viva seguro em vós toda esta vida e, abandonado em vós, saia depois deste mundo e espire no momento de minha morte.

E vós, dulcíssima mãe e esperança minha, Maria, impetrai-me a graça de orar sempre e confiar nos méritos de Jesus e vossos. Amém.

3° Consideração

Do grande amor que Santa Teresa teve a Deus

O coração dessa Seráfica santa era tão inflamado de amor a Deus que todos os seus pensamentos e todos os seus suspiros não eram outra coisa que de amor e para dar gosto a Deus. Por isso seu confessor dizia que, quando falava com a santa, parecia ver, na verdade, um Serafim de amor. Bem já havia começado a arder esse santo fogo em sua santa alma desde menininha quando, não mais que com sete anos, teve força para fazê-la abandonar, como já dissemos, a pátria e os pais para ir entre os bárbaros e dar a vida por Jesus Cristo: "Em sua mais tenra idade, são as palavras da Bula de canonização, de tal modo o Espírito Santo incendiou seu coração, que decidiu partir para a África, derramar seu sangue e dar sua vida em testemunho de Jesus Cristo".

Com a idade, cresceu também o amor, embora, por alguns anos, tenha estado um pouco esfriado. Quando, com nova luz, Deus a chamou ao amor mais perfeito, respondeu tão bem que mereceu ouvir da boca de seu esposo que, se já não tivesse criado o paraíso, o teria criado apenas para ela. E, uma outra vez, chegou a lhe dizer que era todo seu, já que se tinha dado toda a ele: “Já sou todo teu, e tu és toda minha”. Palavras da Bula de sua canonização.

De fato, tinha se tornado, de tal forma, toda de Deus que, inebriada pelo divino amor, não sabia falar de outra coisa que de seu amado, não sabia pensar outra coisa que sobre o amado, não podia mais conversar com os outros, a não ser com seu amado. Então, acostumada à doce conversação de seu Deus, não podia mais se acomodar a tratar com as criaturas, a não ser com aquelas que tinham sido feridas, como ela dizia, com o mesmo amor.

O amor lhe impelia tão fortemente para Deus que se declarava inábil para continuar tratando de assuntos desta terra. Por isso, disse uma vez: "Se o Senhor me mantiver nesse estado, darei má conta dos negócios que me impôs; porque, de fato, parece que, continuamente, estou sendo arrastada com cordas para Deus". E qualquer coisa que lhe tirava de sua contínua união com Deus a fazia sofrer, mesmo a comida: "É grandíssimo sofrimento para mim ter que comer muitas vezes porque me faz chorar e dizer palavras de afeto, quase sem me dar conta".

Mas ouçamos os belos sentimentos que deixou anotados sobre esse seu amor a Deus e nos acendamos nessas chamas felizes do coração da Seráfica santa. Em uma passagem, diz ela assim: "O que eu sempre costumo dizer, e acho que digo de coração: não me preocupo mais nada comigo, somente quero a vós, Senhor”. Em outra passagem, embora a santa fosse tão humilde, não deixou de dizer que Deus a amava muito e, com tanto ardor, escreveu: "Eu sou toda imperfeição, exceto nos desejos e no amor: ao Senhor bem me agrada amá-lo, mas minhas obras me entristecem". Em outra passagem, pelo desejo que tinha de chegar ao máximo possível do amor a seu Deus, confessou: "Se me fosse dado escolher: ou padecer todos os trabalhos do mundo até o fim e depois subir a um pouquinho mais de glória, ou, sem trabalho, ir para glória um pouco mais baixa, de muito boa vontade escolheria muito mais todos os trabalhos por um pouquinho mais de alegria em conhecer as grandezas de Deus, porque vejo que quem mais o conhece mais o ama". E em se ver assim amando Deus, e de Deus assim amada, exclamava com júbilo: “Ó que bela troca dar a Deus o nosso amor e receber o seu!"

Por tudo isso, compreendemos como lhe era caro o amoroso pedido de padecer ou morrer por desejo de agradar a Deus, como ela mesma refere no cap. 40 de sua Vida, parecendo-lhe que o desejo de padecer por Deus era tão doce a seu coração amoroso que nada lhe acrescentava de merecimento. Da mesma forma, dizia que não por outro motivo se deveria amar a vida na terra, a não ser para padecer por Deus. Eis suas palavras: “De modo que não faço nada demais em desejar os trabalhos. E assim agora não me parece que haja

sentido viver, senão para isso; o que, com maior afeto, peço a Deus. Digo-lhe, então, de todo o coração: Senhor, ou padecer ou morrer; não vos peço nada mais para mim".

Por isso mereceu ser desposada por Jesus com um cravo e declarada sua esposa de amor e de cruz: "Olha - disse-lhe o Senhor, estendo sua mão direita, como se lê no Apêndice à sua Vida -, olha este cravo, sinal de que, agora em diante, tu serás minha esposa; até agora não o tinhas merecido: no futuro, não só como de teu Criador, de teu Rei, e de teu Deus merecerás minha honra; mas também, por seres minha verdadeira esposa, minha honra é agora tua, e a tua, é a minha". Chegou um dia a dizer, em ímpeto de amor, que muito bem ficaria contente de ver no paraíso alguém que tivesse mais glória que ela, mas que não sabia como conseguiria se alegrar se visse uma alma que amasse mais a Deus que ela.

Em suma, estava continuamente ocupada em coisas para a glória de Deus, mas tudo o que fazia, seu grande amor, tudo o que fazia, parecia-lhe nada: "Senhor, dizia, tenho medo de ficar sem vos servir, não encontro nada que me satisfaça para pagar a menor coisa que vos devo". Eis a única coisa que a contentava nesta vida e era sua contínua oração a Deus: "Ó, Senhor, que sejamos todos dignos de vos amar: já que se há de viver, viva-se por vós: acabem-se então os nossos interesses. Que maior coisa se pode ganhar que dar gosto a vós? Ó meu contento e meu Deus, o que eu não faria para vos agradar!"

Por fim, todo o seu viver foi um contínuo amar, um contínuo procurar apenas agradar seu amado. Chegando, finalmente, como consideraremos em sua morte, ao ponto de terminar a vida por força do amor, consumida por aquele incêndio amoroso que a inflamava.

Fruto

Ensinam o fruto dessa consideração aquelas palavras que, um dia, disse o Senhor a Santa Teresa para lhe dar a entender que o verdadeiro amor nesta vida não consiste em se deliciar com as doçuras divinas, mas em fazer a vontade divina e sofrer em paz os trabalhos: “Pensas, minha filha, que há mérito nas consolações? Não, o mérito está em trabalhar, padecer e amar. Olha minha vida, toda cheia de padecimentos. Não penses, vendo minha mãe me carregando nos braços, que ela desfrutasse daqueles contentamentos sem grave tormento, desde o dia em que Simeão lhe disse: "Uma espada de dor te transpassará a alma", e meu Pai lhe deu clara luz para ver quanto eu deveria padecer.

Acredita, filha (acrescentou), que quem é mais amado por meu Pai maiores trabalhos recebe dele, correspondentes ao amor. Em que mais te posso mostrá-lo do que em querer para ti o que quero para mim? Vê estas chagas: jamais chegarão a tanto tuas dores. Assim me ajudarás a chorar a perdição dos mundanos, cujos desejos são empregados em conseguir o contrário. Pensar (conclui) que meu Pai admita à sua amizade gente que não trabalha é um despropósito. Mesmo aqueles que ele ama, grandemente os leva pelo caminho dos trabalhos: e quanto mais os ama, tanto maiores trabalhos lhes dá".

Portanto, se quisermos amar com verdadeiro amor nosso tão amável Deus e comprazer seu coração, e não o nosso, precisamos colocar em prática a bela instrução que nossa santa seguia e ensinava: Caminhar sempre para frente com o desejo de padecer em todas as ocasiões por amor de Jesus. Ao menos, é necessário nos conformar completamente com a vontade de Deus nas coisas contrárias. Foi o que, do céu, veio um dia Santa Teresa dizer a uma alma devota, com estas palavras: "Aqueles ímpetos de desejo de morrer, que eu tive enquanto vivia, procura ter também tu em fazer a vontade de Deus". Esse também é o objetivo da devota prática que a santa ensinava de oferecer-se todo a Deus, cinquenta vezes por dia, com fervor e com desejo de dar gosto a Deus. Assim daremos grande gosto a Deus e não sentiremos as cruzes porque, dizia a santa, "sente a cruz quem a arrasta, não quem a abraça”. Da mesma forma como o ganancioso não se cansa, mas fica feliz em carregar o peso do ouro, e quanto maior for o peso, maior será sua felicidade, assim também a alma que ama, mais se rejubila quanto mais padece por Deus; pois sabe que, oferecendo-lhe aquele padecimento, agrada sumamente seu amado.

Oração

Minha Seráfica Santa, amada esposa do crucificado, já que, na terra, ardestes tanto de amor para com vosso e meu Deus, e agora ardeis no céu com fogo mais puro e maior, vós, que tanto desejastes sempre vê-lo amado por todos os homens, impetrai para mim, eu vos peço, ainda que seja uma centelha dessa santa chama que me faça esquecer do mundo, das criaturas e de mim mesmo; e faça que todos os meus pensamentos, todos os desejos e todos os afetos sejam todos sempre empregados em executar, com consolações ou sofrimentos, a vontade daquele sumo bem que merece ser infinitamente obedecido e amado. Fazei-o, santa minha, pois o podeis fazer: fazei-me arder como vós, todo do divino amor.

E vós, meu Deus, eu vos peço com as mesmas palavras de minha santa: "Ó amor, que me amais mais do que eu possa entender, fazei que minha alma vos sirva, mais conforme a vosso gosto que ao dela. Que, então, morra esse eu e viva em mim alguém diferente de mim.

Viva ele e me dê a vida: reine ele, e eu seja escravo, não querendo minha alma outra liberdade. Felizes aqueles que, com as cadeias de benefícios da misericórdia de Deus, se acham presos e feitos incapazes de se libertar. O amor é forte como a morte e duro como o inferno. Ó, quem já se visse lançado nesse divino inferno, de onde não se pode mais esperar, para dizer melhor, mais não se pode ter medo de ficar excluído".

E vós, Santíssima Virgem Maria, que fostes e sois, de todas as criaturas, a mais amorosa, a mais amada de Deus: vós, por quem se nos dispensa o divino amor, socorrei-me, ajudai-me, para que não viva mais ingrato a um Deus tão amoroso e que tanto me amou. Amém.

4° Consideração

Do dom da perfeição que teve Santa Teresa

Duas coisas são necessárias para alcançar a perfeição: um grande desejo e uma grande resolução.

Primeiramente, um grande desejo de santidade é o grande meio para se fazer santo, na medida em que, por um lado, Deus não concede a abundância de suas graças a não ser para aquelas almas que têm grande fome delas, como cantou Maria Santíssima em seu sapientíssimo cântico: "Encheu de bens os que tinham fome" (Lc 1,53), e, por outro lado, nos é necessário esse desejo, para que possamos aguentar a fadiga necessária para adquirir o grande tesouro da perfeição. Porque, no que pouco se deseja, pouco se investe para conseguir; ao contrário, para chegar a adquirir aquilo que muito se deseja, torna-se fácil e doce qualquer fadiga. Por isso Deus chama bem-aventurados os que, não apenas têm o desejo, mas têm muita fome, ou seja, grande desejo de santidade: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça: porque eles serão fartos" (Mt 5,6).

Nossa grande águia, Teresa, a quem os grandes desejos de perfeito contentamento de Deus bem serviram como asas para grandes voos rumo à perfeição, deixou-nos escrito: “que nossos pensamentos sejam grandes, pois disso virá nosso bem". E em outra passagem: "Não precisamos de desejos pequenos, o que precisamos é confiar em Deus, pois, se nos esforçarmos, pouco a pouco, conseguiremos chegar aonde, com sua graça, chegaram muitos santos". Dizia que sua majestade divina é amiga das almas generosas, porque avançam sem confiar em si mesmas: e atestava, por experiência, não ter visto nenhuma alma tímida caminhar, em muitos anos, tanto quanto essas outras, generosas, faziam em poucos dias. Dizia: "Porque o Senhor se compraz tanto nos desejos como se já tivessem sido realizados".

Ó, quão grandes foram, então, os desejos que ela teve de agradar seu Senhor! Não duvidava assegurar sobre si mesma que, ainda que fosse toda imperfeição, mesmo apesar disso, foi grande e perfeita nos desejos. Escreveu em outra passagem: "Vêm a mim tais desejos de servir a Deus em certos ímpetos que não os sei exprimir: parece-me que nenhum trabalho, nem morte, nem martírio, deixaria eu de suportar com facilidade". De fato, não houve coisa, por difícil que fosse ela houvesse entendido ser do gosto de Deus, que não tenha assumido e conduzido até a realização. É o que ela mesma atestou nas memórias que escreveu sobre sua Vida: "Não há coisa, por pesada que seja, que, sendo-me colocada na frente, eu não a tenha assumido com coragem".

Assim sendo, a santa escreveu, por experiência própria, mais tarde: "Fico assustada do muito que ajuda no caminho espiritual se animar com coisas grandes: porque, ainda que, no começo, a alma não tenha forças, apesar disso, levanta um generoso voo e aterrissa muito na frente". E aqui deu aquele grande ensinamento de que não é humildade não pretender tornar-se santo: "Antes de tudo a humildade, mas é preciso entender que o demônio tenta fazer parecer soberba ter grandes desejos e querer imitar os santos".

Por outro lado, para chegar à perfeição, não basta ter apenas o desejo, é necessário ter também uma firme resolução; de outra forma, o desejo, sem a resolução, tornar-se-á inútil; como acontece com tantas almas que sempre desejam, sempre padecem de desejos se resolvem colocar mãos à obra e, assim, ficam na tibieza, sem jamais avançar. Escreveu a santa sobre esse ponto: "Eu prefiro, prefiro oração de pouco tempo que gere grandes efeitos àquela de muitos anos em que alma nunca consegue se resolver a fazer qualquer coisa de valor por Deus". São Bernardo diz que muitos não se tornam santos porque não se decidem a isso. E era o que lamentava também a santa: “Muitos ainda ficam parados ao pé do monte que poderiam escalar até o cume”. Do lado contrário, assegura que, quando uma alma empreende alguma obra resolutamente, só para dar gosto a Deus, facilmente chega ao todo. Escreveu nas suas Fundações: "Mesmo que haja, a propósito disso, Senhor, o que diz vosso profeta, ou seja, que vossa lei dá trabalho, não sei como se pode chamar de estreito o caminho que leva a vós. Tenho experienciado em muitas ocasiões que, quando alguém, desde o início, se resolve a fazer alguma coisa, por difícil que seja, se for feita para dar gosto a Deus, não tem o que temer. o demônio (dizia) tem grande medo de almas resolutas, até porque, mesmo quando trama para lhes causar dano, isso resulta em proveito delas".

E a santa madre foi, em sua vida, o que ensinava que os outros deveriam ser. Quando foi chamada a se entregar totalmente a Deus, deu-se a ele sem reservas e com tanta resolução que, para se comprometer a buscar o maior gosto de seu amado, chegou a se obrigar com aquele grande voto, que assusta até mesmo os santos, chamado voto da Sagrada Rota, o voto mais árduo de todos, ou seja, de sempre ser de maior perfeição. Nisso nos mostra o grande e resoluto ânimo com que pretendia chegar à mais alta perfeição capaz de chegar uma alma nesta terra para agradar a Deus com todas as suas forças.

Fruto

Seja, então, o fruto dessa meditação, com Santa Teresa, a desejar com verdadeiro desejo e decidir, com todo o coração, dar-se todo a Deus; buscando avançar sempre mais na perfeição. Bem dizia um grande servo de Deus, o Pe. Hipólito Durazzo, da Companhia de Jesus, como se lê em sua biografia, que os mundanos não ficam jamais saciados com os bens terrenos desta vida e sempre mais os buscam, e então dizem: basta-nos qualquer cantinho no paraíso. Quem, pelo contrário, ama verdadeiramente a Deus e não o mundo deve se contentar com qualquer cantinho nesta terra, mas para os bens do céu, deve procurar sempre o mais, sem nunca se saciar. Semelhantemente, dizia o mesmo bom padre, que "para nos tornarmos santos é necessário viver sem desejar outra coisa a não ser a única que se consegue com o desejo, ou seja, dar gosto a Deus".

É necessário, depois dos desejos, fincar o pé na resolução de se dar sem reserva totalmente a Deus. É Deus quem nos dá tal desejo. Esse desejo é uma voz muito clara com que nos chama a seu amor. Já nos chamou várias vezes, o que estamos esperando? Estamos esperando que não nos chame mais e nos abandone? É necessário decidir uma vez por todas, voltando as costas a tudo o que não é Deus. Não é mais tempo de resistir ao amor daquele Senhor, que é o único que merece ser amado por nós. É necessário, especialmente, romper toda a ligação com a terra que nos impede de sermos todos de Deus. Resolução, resolução. Deus, só Deus e nada mais.

Oração

Minha santa, eu me alegro convosco agora que vos vejo no céu, onde amais vosso Deus com aquele amor que sacia completamente e contenta vosso coração que tanto desejou amá-lo nesta terra. Mas, já que em vós, tendo crescido no céu o amor, cresceu também o desejo de vê-lo amado, ajudai, ó santa madre, essa mísera alma minha que deseja, juntamente convosco, arder de santo amor por aquela bondade infinita, que merece o amor de infinitos corações. Rogai a Jesus por mim, como rogastes uma vez, na terra, por um vosso servo: "Senhor, vamos tomá-lo como amigo". Dizei-lhe que me faça resolver, de uma vez por todas, a dar-lhe toda a minha vontade, em todas as coisas não buscando nada mais que seu maior gosto e sua maior glória.

E vós, meu Senhor, dizei-me o que pretendeis de mim

Com tantas graças que me tendes feito? Ah, eu vos entendo, entendo-vos, meu tesouro, meu tudo e meu verdadeiro amor; porque vós me amais tanto que quereis que eu vos ame ainda mais e seja todo vosso. Quereis que meu coração não seja mais dividido, mas seja todo dedicado a amar Somente a vós, somente a vós. Então, se na verdade vós sois o único amável, é justo que por mim e por todos sejais o único amado: amado meu,

então, já que me inspirais esse desejo de vos amar, fazei

que eu o ponha em prática e vos ame quanto vós desejais. Se quereis meu coração, eis que o tiro do amor das criaturas e o dou todo a vós. Se quereis que deseje e busque vosso amor, sim, meu Deus, escutai-me vós,

porque vos peço e desejo amar-vos mais que os serafins; e já não para me tornar grande entre os santos, nem para adquirir uma grande glória no paraíso, mas apenas para vos dar gosto. Antes, para que eu vos ame muito, protesto oferecer-me para sofrer todas as penas e por toda a eternidade, se assim vos agradar. Ouvi-me,

meu Senhor, pelo amor de Jesus Cristo e por amor de Santa Teresa. Virgem Santíssima, Maria, vós sois minha esperança, por vós espero todos os bens.

5° Consideração

Sobre a humildade de Santa Teresa

Os corações humildes são o alvo das setas do amor divino; ainda mais, como dizia Santa Maria Madalen de Pazzi, humilhar-se é o único exercício para conseguir o dom do divino amor. Por isso Deus se compraz em unir, no coração de Teresa, tantos tesouros de graças, ou seja, porque o encontrou muito humilde. E narra a santa sobre si mesma que as maiores graças,

com as quais foi enriquecida pelo Senhor, recebeu, precisamente, no momento em que estava se humilhando diante de Deus.

Com efeito, nossa santa foi

tão humilde que, embora o Senhor a tratasse como

sua esposa amada, como

consideramos acima, ainda assim, ela não tratava com seu Senhor senão como se tivesse sido esposa ingrata e infiel. E, por isso, apesar de quantos favores Jesus lhe fizesse, e quantos louvores Ihe dessem os homens, não podia jamais se convencer de que era boa. E, ainda que tenha sido pelo próprio Deus assegurada que aqueles não eram enganos, de modo que, quando os recebia, não poderia duvidar de que fossem de Deus, não menos então o conceito que tinha de si mesma

era tão baixo que sempre a fazia temerosa de ser enganada, não podendo crer que Deus favorecesse tanto uma alma tão indigna, como se considerava. Indo a santa, um dia, até a fundação de Burgos, um religioso

lhe contou a fama que corria sobre sua santidade: ao

que ela respondeu: "Três coisas são ditas sobre minha vida: que, quando pequena, já era de boa índole e discreta, agora, alguns também dizem que sou santa: nas duas primeiras coisas um dia cheguei a acreditar, e me confessei por ter dado crédito a essa vaidade: mas jamais me enganei com a terceira desde que fiquei sabendo dela".

Depois, na relação de sua Vida, que fez ao confessor, falando das graças que Deus lhe concedia, assim disse: "Primeiramente me parecia uma afronta saberem isso de mim; mas agora não pareço, por esse motivo, Ser

melhor, mas, mesmo, pior: porque, se com tantas graças pouco me ajudo, parece-me que, de todas as formas, não tenha havido no mundo ninguém pior que eu". Em outra passagem disse: "Não faço outra coisa

que receber graças sem aproveitá-las, como se eu fosse

a coisa mais inútil do mundo: todos dão frutos, mas eu

não sou boa para nada". Uma pessoa, vendo-a assim tão favorecida por Deus e tão aclamada pelo mundo como santa, disse-lhe: "Minha madre, cuidado com a vanglória!" Mas ela, maravilhada, respondeu: “Vanglória? Não sei do que; vendo como sou, já faço muito em não me desesperar".

A grande luz com que Deus lhe mostrava a grandeza de sua majestade e, ao mesmo tempo, o amor que lhe tinha fazia considerar delitos graves os pequenos defeitos que cometia e que nós nem conseguiríamos condenar como defeitos. E, assim, confundida exclamava: "Senhor, colocai fim, colocai fim, Senhor, a tantos favores: como tão rápido vos esquecestes de minhas ingratidões?" Escrevendo a seu confessor a relação de sua Vida, pediu que publicasse por toda parte seus pecados: "para eu não enganar mais o mundo, que acha haver algum bem em mim". Quando revelava a alguém sua vida má, mas este não queria considerá-la como ela mesma se considerava, recorria a seu esposo e lamentava: "Senhor, por que essa gente não quer acreditar em mim? Pensai vós, eu não sei mais o que fazer". Só de pensar na possibilidade dos outros chegarem a saber das graças que Deus lhe concedia a deixava tão aflita que (como escreve em sua Vida) a fazia querer ser enterrada viva para não mais ser vista no mundo. Por isso, narrou que, para acalmar esse seu sofrimento, certa vez o Senhor lhe disse: "Teresa, de que tens medo? Se os homens souberem as graças que te concedi não poderão fazer nada mais que me louvar e murmurar contra ti". E assim se acalmou.

Porém nossa santa não era daquele tipo de humildes que, embora tenham baixa opinião sobre si mesmos e, inclusive, às vezes, confessem-no diante de outros, mesmo assim não conseguem aguentar divulgarem seus defeitos e sofrer desprezos. Não. Como fazem os verdadeiros humildes, a santa se considerava vil e, como vil, queria ser conhecida e tratada por todos. Chegou a dizer que para ela não havia música mais doce que ouvir lançarem-lhe ao rosto seus defeitos. Diversas vezes ocorreu de ser humilhada e maltratada, então, sua alma tão humilde se alegrava mais por esses desprezos do que se fosse honrada e elogiada. Quantas vezes, quando fundava mosteiros com tanta glória para Deus, foi injuriada como hipócrita, mentirosa, soberba e iludida, inclusive, do alto dos púlpitos e em sua presença, como aconteceu certa vez. O núncio papal, arrebatado pela cólera, chegou a ordenar que se retirasse para um convento e não mais saísse de lá, afirmando que era mulher inquieta e desocupada. Ela, em paz, encerrou-se como ele mandou, sem se defender, toda contente por seu desprezo e sua confusão.

Em outra ocasião, foi acusada de feiticeira e bruxa à Inquisição. Ao saber que um determinado padre havia falado muito mal de si, respondeu: "Se este padre me conhecesse, poderia ter dito outros males ainda piores sobre mim". Ao entrar em Sevilha, inicialmente foi objeto de desprezo e murmurações, então disse: "Bendito seja Deus, pois aqui me conhecem como sou". Escreveu em outra passagem: "Não ficava brava com as pessoas que falavam mal de mim, pelo contrário, parecia que passava a ter novo amor por elas".

Na fundação de Burgos, quando a santa atravessava uma passagem estreita onde se encontrava uma mulher, pediu-lhe licença para passar; mas a mulher, ao vê-la vestida com hábito tão pobre, disse: pode passar, santarrona, e, dando-lhe um grande empurrão, fez cair dentro da água. As companheiras quiseram repreender a mulher, mas a santa proibiu dizendo: "Chega, minhas filhas, não veem que essa senhora fez muito bem?" Uma outra vez, estava na igreja e não se deu conta de levantar rapidamente para que alguns pudessem passar, então a expulsaram com chutes, mandando-a para outro canto. Outra mulher havia perdido sua sandália e, pensando que a santa a tivesse roubado, com a sandália que restou teve a audácia de bater-lhe no rosto, mas ela tudo aceitou em paz, mais contente por aqueles desprezos do que ficaria um mundano com as principais honras do mundo. A Rota Romana atesta que aqueles que mais a ofendiam mais lhe despertavam amor: "Os que a ofendiam mais lhe despertavam o amor". Tanto que costumavam dizer que quem queria ser amado por Teresa só precisava injuriá-la e humilhá-la.

Fruto

Todos querem ser humildes, mas poucos querem ser humilhados. Santo Inácio de Loyola, enviado por Maria Santíssima, ensinou do céu a Santa Maria Madalena de Pazzi: "Humildade é se alegrar com tudo aquilo que nos leva a desprezar a nós mesmos”. E isso é ser humilde de coração, como nos ensinou Jesus Cristo, ou seja, termo-nos por aquilo que somos e desejar que os outros também nos tenham e tratem por aquilo que somos. Eis, então, para a prática da humildade, as recomendações mais notáveis escolhidas da mesma santa:

  1. Evitar toda conversa e todo discurso sobre a estima pessoal, a menos que seja obrigado a isso por alguma notável utilidade; com isso, a santa ensina a não se intrometer a dar pareceres, senão quando a caridade pedir.
  1. Não demonstrar a devoção interior, a não ser por grande necessidade; e jamais demonstrar externamente uma devoção que não haja no interior.
  1. Alegrar-se em ser objeto de queixas, injúrias e risos, deixando de se defender, a menos que tenha que fazê-lo por um bem maior: “e, quando repreendidos, diz a santa, recebamos a repreensão com humildade interior e exterior, rezando a Deus por quem nos repreende".
  1. Pedir, sem cessar, a Deus o que costumava pedir São João da Cruz, ou seja, sermos desprezados por seu amor.

E, por último, não esperar que nisso encontrem prazer os sentidos e a parte inferior da alma, mas agir com a razão, contentando-nos em agradar a Deus. Para tanto, é sumamente importante que nos exercitemos na oração, preparando-nos para todos os desprezos, orando muito a Jesus e Maria para que nos dêem forças para cumprir os bons propósitos quando, depois, chegar a ocasião.

Oração

Ó minha advogada, que com vossa bela humildade feristes o coração de vosso Deus; pelo amor que tivestes a vossa querida mãe Maria e a vosso amada esposo Jesus, peço-vos que obtenhais para mim a santa humildade para que, tornando-me semelhante: a vós

e a meu Jesus, tão humilhado na terra, possa depois, um dia, convosco chegar a vê-lo e amá-lo no paraíso.

E vós, humílimo meu Jesus, que, para me ensinar a suportar os desprezos e para me torná-los doces e amáveis, quisestes ser o mais desprezado e humilhado

de todos até saciar-vos com os opróbrios e vos tornardes o opróbrio dos homens: ah, socorrei com a plenitude de vossas misericórdias a desordem da vaidade de meu coração. Já vejo, meu Salvador, que, por minha soberba, até agora em nada fui semelhante a vós.

Vejo que não posso ser admitido a vosso reino por ter sido muito diferente de vós que vos contentastes em morrer pregado em um lenho infame, justiciado como malfeitor, por meu amor. Ah, meu Senhor, vós, inocente, sofrestes tantas desonras por mim e eu não consegui sofrer por vós um desprezo muito menor? Sei que, tantas vezes, mereci os desprezos eternos do inferno. Reconheço ser essa uma grande pena pelos meus pecados que, depois de me haver tornado ingrato, ainda me fizeram soberbo. Meu amado Redentor, de agora em diante não quero mais ser assim. Desejo e peço ser humilhado convosco. E já que tive a audácia de, tantas vezes, desprezar vossa majestade e bondade infinitas, quero agora abraçar todos os desprezos para vos agradar. Mas, para que servem, meu Senhor, esses meus propósitos se vós não me ajudais a cumpri-los? Já que me quereis salvo, ajudai-me, meu Jesus desprezado, pelo mérito dos opróbrios que sofrestes, a suportar com paz todos os desprezos que receberei em minha vida.

E vós, que depois de Jesus fostes a mais humilde de todas as criaturas, Santíssima Mãe Maria, por isso fostes tão engrandecida, impetrai-me, minha Senhora, uma verdadeira humildade, não já para me tornar grande na glória, mas grande no agradar a Deus e ser feito mais semelhante a vós e a meu desprezado Jesus. Amém.

6° Consideração

Sobre a devoção que Santa Teresa teve à Santíssima Virgem e ao glorioso São José

Santa Maria Madalena de Pazzi contemplou o amor divino como suave licor, em vaso precioso, distribuído pelas mãos de Maria. Tal como ocorre com todas as graças divinas, só pelas mãos dessa dispensadora é dispensado aos fiéis o dom dos dons, o dom do amor divino.

Nossa santa bem sabia que havia recebido todas as graças pelas mãos de sua dulcíssima Mãe, especialmente o dom do amor, com que foi enriquecida bela alma. Por isso, para agradecer a sua Mãe Santíssima, não sabia mais o que fazer para amá-la e honrá-la. Desde pequena, quando ainda estava em casa, vivia buscando lugares solitários para honrar Maria com o rosário e outras devoções. Depois que sua mãe faleceu, não tardou em ir se apresentar diante de sua rainha e, com afeto e confiança certa de ser aceita, oferecer-se como filha, declarando que, daquela hora em diante, Maria seria, então, sua única amada mãe. De fato, em todas as suas angústias e necessidades, a santa sempre recorria a Maria como sua amorosíssima mãe. Para vê-la honrada especialmente em toda parte, a santa empreendeu a obra da reforma da Ordem Carmelita, que se orgulha de militar sob o distintivo e a especial proteção da rainha do céu.

Maria, por sua parte, que não sabe deixar de amar quem a ama, antes, como diz Santo Inácio, mártir, é sempre a mais amorosa com os que a amam, não se deixando jamais vencer no amor pelos filhos que a amam, bem soube, essa grande rainha, reconhecer e ultrapassar o afeto de sua amada filha com as tantas graças que lhe alcançou. E bem demonstrou o quanto lhe agradava vê-la tornar-se, por sua mediação, a esposa mais querida de seu Jesus, precisamente, no dia em que se dignou, tão ternamente, vir do céu e, com suas próprias mãos, ornar nossa santa com místico e precioso colar. Mais se viu, depois, quanto a amava essa amorosíssima mãe, no momento de sua morte, quando se fez ver junto de sua amada filha para confortá-la na passagem e receber sua bendita alma em seus braços.

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